sexta-feira, 31 de março de 2017

Nuvens negras no horizonte

Foto de Mhaia Maia.Céu de Guarapari/ES. Nuvens negras no horizonte
                   

O meu medo é perder minha memória. Quando vou a academia não preciso de ficha, de ajuda porque acredito que guardar a sequência dos exercícios faz parte do treinamento. Evito fazer listas ou memoriais no cotidiano, como exercício.

A falta de respeito com a pessoa que envelhece aumenta na proporção que a idade avança. E, eu quero ser invisível na minha velhice. Para isso me preparo. Sei bem, que o idoso deve ser independente porque a vida não dá mais tempo para ninguém ser cuidado por parentes. A vida é dura com todos e a sobrevivência profissional não dá trégua. 

Acho de uma hipocrisia sem limites uma pessoa beber, fumar, usar drogas ilícitas, fornicar com tudo e todos sem limites ou pudores, cultivar a arte de comer, dormir mal ou saltar noites de sono e, no final da vida, quando o corpo dá um piripaque, ter ajuda de quem se cuidou.
Se a pessoa tem uma doença natural, que chega sem dar causa, hereditária ou porque a vida foi dura demais e trouxe as consequências é outra coisa. Precisamos ser solidários com todos mas com cachaceiro e farrista não acho justo.

Falo de mim, que tenho saúde, boa formação congênita e não posso empatar ninguém porque sequer tenho a quem. Mas meu medo é perder a minha memória que sempre foi ótima.

O primeiro sinal aconteceu por esses dias. Eu fiz uma petição ótima mas minha memória me traiu quanto a competência de juízo. Não bateu , não emergiu, não veio à tona e ajuizei com erro. Nada grave porque o juiz mandou distribuir outra vez para a Vara correta. Apenas perdeu tempo. Mas estou preocupada com essa falha de memória e com medo que ela se repita. Entrei em pânico, me deu medo. Até perdi sono esta noite.

Que venha o futuro e que  vida tenha pena de mim.

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