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sábado, 17 de setembro de 2016

Os herméticos

- A chuva cai pra todos
                         
No Brasil é falado o português. Já é admitido que difere do português de Portugal. Então é o português brasileiro.
De Portugal difere na construção das frases e no significado de um cem número de palavras. Admite-se a influência das línguas indígenas, do espanhol e outras faladas pelo leque múltiplo de imigrantes que aqui aportam.

Quem prefere viajar pelo Brasil, percebe que em cada estado da federação também existem adaptações, galicismos, corruptelas, variações de pronúncia. 

Quero falar do estado do Espírito Santo.
A pronúncia das palavras não é diferente de nenhum lugar do Brasil e a construção das frases segue o usual. A única palavra que soa estranha é a corruptela de espocar ( estourar) que por aqui se diz pocar. 
Seria bom se fosse tão simples. Porque  existe uma coisa impressionante: Você fala e ninguém entende. Você expõe uma ideia, vai a um diálogo e tem que explicar mais de uma vez, com outras palavras, o que foi dito. À beira da exaustão.

Pensei que o problema era comigo mas tenho feito uma pesquisa e a última foi com o faxineiro da academia onde frequento. Vale a pena relatar para melhor entendimento. 
Fiz uma observação sobre o piso, que recobre o chão onde são feitos alguns exercícios com tatame ou colchonete e ele me respondeu. Quando fui saindo ele me chamou para explicar que as palavras dele não continham nenhuma grosseria ou falta de respeito. Ele havia dito que a academia é muito grande que só ele faz a limpeza e que alguma coisa pode ser que fique sem ser feita. Eu respondi que havia entendido perfeitamente, que ele tinha razão e que não havia considerado nada além do que havia dito. Então ele me disse que tinha dificuldade de ser entendido e que sempre achavam que ele estava respondendo como não devia.
Epa! Isso me interessa, pensei eu. Perguntei, então se ele era capixaba. Não, ele é baiano. Aproveitei para conversar a respeito do que ele havia me dito. E, mais uma vez confirmei que capixaba entende uma coisa diferente do que é falado. Sempre levam pelo pior lado. Sempre acham que o outro quer briga, está colocando defeito, está sendo grosseiro,está falando alto demais, está falando de foma incompreensível, que não é aquilo mas outra coisa.

Gente, não existe povo mais fechado do que o capixaba. Talvez porque não conversem, não troquem ideias, não se abram para o novo, o turismo é tacanho, as caras fechadas, a falta de diálogo é absoluta. Não sabem fazer uma visita e muito menos receber.

Não atrevam-se a convidar uma pessoa, por ex, para jogar conversa fora, bater um papo. Periga virar briga porque, por aqui, ninguém joga conversa fora e não tem tempo a perder com bater um papo. É ofensa, pois não?
Pior, se você fala algo que contrarie, não tem de volta sua fala em resposta, em um diálogo. A pessoa se fecha, rompe a amizade e você nem sabe o motivo. Ou, na pior das hipóteses , dias depois, pede satisfações ou quer fazer acareação num diz que diz do que você nem se lembra.
Se você puxar conversa com uma pessoa por estas bandas e obter resposta, com certeza, não é capixaba. Nem respondem e se você insistir, receberá uma resposta atravessada.

Depois de décadas morando nessa joça dos demônios, antes de falar algo , pergunto se a pessoa é capixaba. Se não é, eu relaxo e converso normal. Mas se é capixaba, calo minha boca, mesmo porque já levei uma flexada de raiva.

Talvez por isso, os que chegaram aqui , vindos de fora, cultivem o hábito de ter blogues ou fazer textão no Face.

Oh! Meu karma ! Um dia eu acerto...
É pedir paciência a quem por aqui passa e agradecer a quem lê meus textos. Mesmo assim, vou seguindo até quando der.

Quer um exemplo perfeito do capixaba?
- Roberto Carlos.