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sábado, 15 de outubro de 2016

Dia do Professor

Grupo Escolar Barão do Rio Branco- Belo Horizonte, capital de Minas Gerais
                         
Estudei em escola pública. Lá em casa éramos os únicos da vizinhança porque as outras crianças estudavam em escola particular. Em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, minha cidade natal. Fui alfabetizada no Grupo Escolar Lúcio dos Santos por Dona Efigênia Rodrigues. Como mudamos de bairro no meio do ano, passei para o Grupo Escolar Barão do Rio Branco. Da primeira sala, sabendo ler e escrever perfeitamente, fiquei na última carteira da última sala. Lembro-me que a professora fazia um jogo, escrevendo palavras no quadro negro para quem soubesse ler. Era só levantar a mão. Como eu levantava, lá de trás e sabia todas, ela mandou-me ficar quieta.
Chegavam, dividiam o quadro com riscas e escreviam as matérias sem falar uma palavra. Até hoje eu escrevo com uma rapidez incrível porque inventamos apostar quem acabava primeiro. Quando a professora ia chegando na última parte do quadro, nós começávamos e quem chegasse primeiro, junto com professora, ganhava o jogo. Então, ficávamos conversando demais e eu fui para a diretoria algumas vezes e papai foi chamado para falar com a diretora.

No terceiro ano, a professora mandou fazer um diário das férias. Papai comprou um caderno de capa dura, que custava uma fortuna pois papel bom era importado. Eu fiz rascunhos antes de passar a limpo, ilustrei com desenhos simples porque nossos lápis de colorir eram daquele tipo pequeno e somente as sete cores principais. Se precisasse de algum matiz tinha que misturar as cores. A professora mandou alguns alunos ler na frente, sem sorteio, sem nada. Eu ouvi as leituras dos escolhidos, peixinhos da professora como eram chamados e achei tudo óbvio. Não ganhei nem um risco como resposta ao meu esforço. Nem devolveu o caderno.

Quando fui professora, prometi a mim mesma ser completamente diferente e fui. Meus alunos tinham as carteiras em meia Lua, porque passar entre as carteiras era complicado pelo meu tamanho e o espaço ou em mesinhas. Todos os cadernos tinham meu conceito, eu avaliava cada aluno conforme o esforço de cada um e com eles, enquanto terminavam. Os sabichões, para não ficarem de lado, eram meus ajudantes, ajudavam os colegas, eram como monitores. Toda segunda-feira o aluno podia escolher um lugar novo e eram mudados os ajudantes: Cantinho de Leitura, Cantinho de Ciências, Cantinho de composição, Cantinho de Aritmética, Cantinho de música, Cantinho de Futebol. Aqueles que haviam se esforçado substituíam os outros.  Dava para mudar porque era toda semana. Eles sabiam que os esforçados ocupavam os lugares e participavam da escolha, havia um esforço para ficar no lugar. Fizemos quadro com o nome dos responsáveis pelos  Cantinhos e, as fichas com o nome da vez, eram mudadas.

Eu comprei um triângulo em um loja de instrumentos musicais e fazia, com eles,  jogos de atenção, de raciocínio, de disciplina. Um dia um aluno estava tocando um ritmo com ele e os outros, em volta, batendo palmas. Pena que não se podia mostrar ao vivo, como se faz hoje no Face. Esta seria uma cena antológica.
O máximo que minhas professoras fizeram nas minhas escolas, foi mandar fazer suco de groselha e nos colocar em fila, no pátio, debaixo de um Sol infernal, para ganhar um copo, no Dia da Criança.

Humpt !

Nota: O Grupo Escolar Barão do Rio Branco foi a primeira escola de Belo Horizonte. Fez cem anos. KLIKA