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quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Nas entrelinhas

                   



De repente tudo aclarou-se para mim. Existem coisas que levamos anos para descobrir. Mas, como um insight, explodem em nossa mente.

Vim morar no estado do Espírito Santo, movida por meu espírito indômito. Como Juscelino Kubstchek de Oliveira, a palavra  medo não existe no meu dicionário.  Mas aí, mora um perigo imenso. Sair de Belo Horizonte, cidade desenvolvida, povo culto, vivendo em ambiente intelectual, onde cada casa tinha uma estante de livros, emprestados uns aos outros ou buscados na biblioteca pública. Ouvir Chopin ou Deboussy no piano de meia-cauda, tocados pelas pianistas da família. Tudo isso muito perto, em ambiente saudável com rodas de conversas jogadas fora até em barzinhos, desde sempre existentes por lá. Classe média ? TFM ? Ninguém tinha vergonha disso. Minha família orgulhava-se de poder dar aos filhos a melhor educação, com às vezes quatorze horas, diárias, de trabalho duro. 

Mas, afinal descobri, por esses dias e depois de quarenta anos, matutando o motivo desse lugar me trazer um mal inexplicável. Não foi porque perdi meus concertos na Cultura Artística, nem as peças no Teatro Marília, não foi porque não tinha uma árvore plantada na rua quando Belo Horizonte já era a Cidade Jardim, nem pelos poucos monumentos mal acabados. Não é porque ninguém aqui conta causos e se enfurece quando convidado para me visitar e jogar conversa fora. Caiu a cortina no meu cérebro, de repente: É porque esses bestuntos do caramba não possuem senso de humor. Não sabem distinguir um chiste, não sabem ler nas entrelinhas, não entendem patavina quando se fala uma frase mais elaborada. 

E, como descobri? Primeiro, conversando com minha neta. Fez oito anos em final de outubro. Eu faço humor com ela e tenho resposta à altura, vinda com uma risada gostosa. Retruca com outro chiste melhor do que o meu. O fino senso de humor da família do papai. 
Quando ela vem nos visitar e ficamos conversando, meu filho admira-se do diálogo entre nós. Das risadas que damos e há anos estive longe. Entende nada. Puxou o pai que, entretanto fazia um esforço para me agradar. Não retrucava mas achava graça e não cortava o meu barato.

Estou otimista porque, por estes dias, afinal, tive a sorte de encontrar algumas pessoas com sendo de humor na internet. Depois de tantos anos de  blogue,  aprendendo a transitar no Facebook, levando muita grosseria como resposta, apareceram  uns gatos pingados que entendem o sarcasmo, a piada, a brincadeira sem ficar ofendido. Captam a mensagem e devolvem melhor ainda.
Para a maioria, a vida é coisa muito séria e não reconhecem o senso de humor. Quando tentam fazem humor é perverso ou burro. 

Oh, pobre gente! Com minha descoberta, estou mais leve...