sábado, 25 de abril de 2020

Brasil pequeno

                                   

Eu também entrei em pânico quando o ex presidente da República de Curitiba, ex juiz, ex ministro, Sérgio Moro, pediu pra sair. Fiquei com uma raiva tremenda do presidente da república.
É difícil entender, quando se está longe dos acontecimentos, com informações da mídia e dos fanáticos, truncadas ou direcionadas pelos enfoques pessoais e até inconfessáveis. Leva tempo para chegar a uma compreensão, no mínimo, viável.
Eu gosto de política e lamento não ter participado dela de forma direta. Transitei nas periferias  medíocres de uma política popular mas não tive a sorte de conhecer alguém que pudesse caminhar junto. A maioria era mulher. E, mulher não tem muita independência pessoal porque os filhos seguram o alçar voos fora do universo doméstico. A maioria tem um medo grande, atávico, do julgamento público. Normalmente os ataques são em cima da aparência ou da sexualidade. Como nunca fui, exatamente, feia os ataques eram no me chamar de sapatão. Cheguei a duvidar da minha capacidade de não ter nenhuma atração sexual por mulheres, pelo número de afirmativas. Quase fixei na parede uma foto do Elvis para me lembrar que sapatão não acha um homem  desses sexy. Uma companheira de trajetória consolou-me uma vez, dizendo que ela não abraçava mulher para não encostar os peitos. Outra disse que não entrava em elevador cheio de mulher porque detestava cheiro de mulher. Acabávamos rindo mas afastou muitas delas. A mim, em circunstâncias pessoais, me catapultou longe de tudo.

Agora, assisto uma figura importante da história recente  da república, cair na mesma esparrela das circunstâncias pessoais cheias de futricas da corte, barreiras no poder que julgava ter, na vaidade e arrogância dos tempos de juiz federal.
Para quem não conhece, o advogado tem, por lei, o direito de acesso a cartórios, secretarias e salas de juízes. Mas o juiz federal é inatingível. Uma barreira impede que qualquer advogado chegue perto. Talvez os amigos do rei. Tem elevador e saída privativos. Julgam e desjulgam sem dar satisfações a ninguém pois formam uma casta, altamente remunerada e distante. Do alto do pedestal do oratório são deuses. Alguns tem certeza que são vestais. Se não oráculos. Pois decidem, friamente, sobre a vida, a honra, os bens, a felicidade, as mentes, a liberdade  de quem quer que seja. Tem lei? Tem. Mas afrontam na cara dura, com sentenças muito pouco modificadas nos tribunais superiores. Terceira e quarta instâncias são uma piada. É vedado juiz advogar no processo mas eles não estão nem aí. Os assessores, sem concurso público, completam a pantomima do alto da empáfia copiada do chefe. Processos estacionam por anos em simples pedido de alvará. Danem-se.
Quem me acompanha sabe que eu já fiz inúmeros artigos, dizendo que para ser juiz  há de fazer pacto com o demônio. Já fiz alguns artigos sobre Moro mas deletei, depois que ele tornou-se ministro. Para não ser desmancha prazeres.

Agora, o cara, contrariado em suas demandas, boicotado pelo Congresso Nacional, querendo ser juiz onde estava político, chefe onde era comandado, em balaio cercado por hienas vetustas, marcadas por cicatrizes dos embates duros e licenciosos, sai atirando para todos os lados. Ministro da Justiça e Segurança Pública, não comunica o chefe mas convoca pronunciamento público televisado pelos inimigos. Atingindo gregos e troianos em fúria egoísta. Em plena crise de saúde do COVID-19 onde morrem centenas por dia. Rouba cena. Inoportuno porque correu para o inimigo, mostrando suas arapucas e atingindo incautos.
Mas pior, mostra que é capaz de tudo quando quer algo. E, não tem nenhum espírito publico, só vaidade. Pensou que foi eleito. Esqueceu que chegou depois da eleição. Que não fez parte da festa. Entrou e saiu como juiz, perdeu o ser. Não é líder. Não conseguiu captar o rumo da vida pública onde o líder responde o mínimo estímulo, para o bem ou para o mal mas reage, sabe lutar pelo seu lugar e pelos seus caminhos. Política não é imposição em uma democracia. Agora está na planície. O Brasil não precisa de fofoqueiros, gente sem ética que só usa o privado quando lhe convém. Nem do olhar, por cima da plebe, dos supostos letrados das cortes nacionais.

Disse minha amiga, tivemos escritório de advocacia juntas antes dela tornar-se promotora de justiça: -  Conhecemos a arrogância de um juiz. Pensou que iria governar e deu de cara na pedra.

Amanhá é outro dia. Segue a história de uma nação dentro de um balaio de gatos.

                                     
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Aqui um exemplo : KLIKA

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