- Em cada cabeça uma sentença
A vida mudou para todos. Se antes as crianças brincavam nas ruas, as cidades cresceram. Não há ninguém mais, à disposição delas em casa. Tudo mudou. A vida antiga não existe nos grandes centros. A lacuna pode ser preenchida por quem vem de fora.
Ótimo que eu tenha brincado na rua sem calçamento e a bucha vegetal arranhava para tirar o cascão do calcanhar. Se os brinquedos eram feitos pelos pais ou improvisados pelas crianças, a subnutrição era a tônica, a barriga cheia de vermes que matavam, os dentes já tinham cáries ainda em criança. Ver pessoas aleijadas pela paralisia infantil não era raro a a longevidade dependia do DNA porque morria-se de infarto e tuberculose como mosca no Flit.
Embora a leitura de livros ainda seja pouca, nunca se leu tanto como hoje porque temos a internet nos computadores e nos celulares que, até, falam. Mesmo escrevendo errado, existe um esforço para escrever melhor. A comunicação rápida exige pensamento mais rápido e mensagens mais bem elaboradas. As premissas são outras. A forma de informação mudou, com textos curtos e preponderância de literatura visual.
Então, crianças brincarem, usando a internet não é caso de desespero e defesa do interagir com outras. Se isso valesse, brincar com outras crianças, interagindo com irmãos, primos, vizinhos não haveriam as desavenças que houveram ontem e encontramos hoje. Todos podem ser amigos e companheiros na mesma medida de inimigos. Pra mim, mudaram as formas de viver e não o como seja a reação aos estímulos do viver. Viver continua a mesma coisa, com os mesmos desagradáveis e os mesmos generosos.
O que o sistema reage é que as mulheres não brincam mais de casinha e bonecas e os meninos de polícia e bandido. Está cada vez mais difícil fazer o controle do futuro e das mentes. Mesmo com a mídia, bombardeando mentiras e direcionamentos nas cabeças das pessoas. Os lideres poderão ser mais independentes e tudo mais igualitário.
Duvido que daqui uns vinte anos haverão bestuntas, correndo de dorso nu, em praça pública, com as mãos para o alto para os seios ficarem mais bonitos, em direção a um mandatário internacional, em exibicionismo pessoal e politico confundido no reflexo do olhar malicioso do homem, fazendo joinha com as mãos. Esse tipo de mulher e de homem farão parte da história. E, nós? Debaixo da terra.
Não viu a cena? Pois esse ridículo tem origem na educação contemporânea. De uns e de outros. São todos gente fina, pois não? Nós é que somos macacos.