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terça-feira, 3 de abril de 2018
Não interessa a troca de poder
Há um assunto meio complicado para a maioria das pessoas porque não acompanha os rumos do discurso que prevalece na sociedade. É o aleitamento materno.
O ser humano já distanciou-se dos animais há milênios. Essa frase eu ouvi de um psiquiatra em uma manifestação em praça pública, contra um bandido a solta em Vitória, na década de oitenta. O cara dormia de dia e saía à noite para matar. A polícia não conseguia prendê-lo em uma ilha de trezentos mil habitantes que era Vitória/ES naquele tempo. Eu gostei da frase e a tenho para mim pegando-a como premissa, desde então.
Dentro dessa premissa eu vejo o aleitamento materno como opção absoluta, principalmente para quem não pode pagar o leite em pó. Mesmo assim, com restrições pois não acredito na fala dos médicos que o leite é bom mesmo nas subnutridas. Conheci esse tipo de mulher no sertão de MG e os filhos eram descarnados, de dois anos parecendo ter cinco meses, dependurados em tetas de onde saia um fiozinho aguado de leite.
Com a vida moderna, com mulheres trabalhando em profissões que lhes tomam o dia todo, responsabilidades e preocupações, o aleitamento materno prejudica a criança mais do que a beneficia. Sem precisar entrar em detalhes quanto a alimentação e a dificuldade de encontrar ajuda na criação de filhos amamentados no seio. É que a criança assim alimentada fica completamente dependente do seio da mãe, da própria mãe, das reações que o leite trás, de acordo com o que a mãe come ou não. Haja chá de erva doce para gases.
São dois tipos de maternidade: A maternidade que alimenta no seio e a que alimenta na mamadeira. Atrás disso vem o que chamo de Poder da Maternidade. E, como consequência, claramente, dois tipos de mães: A que manipula a maternidade e a que a exerce por si só.
Na primeira, a criança é totalmente dependente da mãe. E, na segunda a criança divide o seu bem estar com o pai, que pode alimentar aconchegado a si mesmo ou a terceiro que pode ficar coma criança enquanto a mãe trabalha ou cuida da sua vida, tanto quanto o pai.
Em cada peculiaridade desse Poder da Maternidade e seu exercício está a manutenção do amor paterno e materno e da chamada responsabilidade da participação de cada um na educação do rebento. Da amamentação o pai é quase um excluído, um espectador com certeza, e piora se houver ruptura no vínculo entre os dois.
Essa tese dá um livro mas hoje eu tenho mais convicção que nunca que o aleitamento materno é usado como poder de controle da exclusividade da paternidade no sentido amplo e da manutenção da manipulação da mulher sobre o homem e a sociedade. Por isso basta-lhe e justifica, inclusive, o motivo da não participação na política, por exemplo. Se ela tem o poder de controle da alimentação que é vida e da posse do filho (a), o presente e o futuro, a vida fora disso é muito pouco para trocar. Inclusive o poder de manutenção da própria cria que fica colada nela porque há a extensão psicológica nisso tudo. Freud ouviu cantar o galo mas não sabia onde.
Eu escrevi um livro sobre isso há décadas mas continua bem atual para mim.
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