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Tive mania por pulseiras. Já tive mais de duzentas pulseiras e braceletes de prata de Tiradentes/ MG. Nem sei se fazem mais. Levei anos, comprando com meu dinheiro de professora. Uma a uma, pouco a pouco.
Na época em que se podia usar na rua, eu cheguei a colocar no ante braço todo. E andava de ônibus. Hoje, um mero anelzinho é o bastante para ladrão, drogado do caramba, querer levar. Um vez eu as trouxe para Guarapari, em um verão, para evitar serem roubadas em Vitória, quando eu vim passar o verão aqui. Enquanto estávamos na praia, um ladrão arrebentou o trinco da porta de entrada e as roubou. Até hoje não me conformo. Eu descobri quem foi e ele já está no inferno, morreu de velho, exercendo sua profissão de ladrão sem ser preso. Ele ficou de tocaia a semana toda esperando nós sairmos.
Rondou nossa casa durante muitos anos, tentou entrar ene vezes, as marcas ainda estão nas portas e nas janelas. Mas meu marido, que era arquiteto, transformou a casa em um bunquer inexpugnável. Se eu perder as chaves e meus filhos também, só um trator, derrubando uma parede, consigo entrar.
Tive uma cliente iraniana que viveu exilada em Paris mas acabou vindo para o Brasil, atrás de respeito e aceitação. Diz ela que na França tinha medo até de sair de casa. Nunca fez uma amizade francesa. Na fila da renovação de documentos, ficava na fila, no gelo por horas. Acabou naturalizando-se brasileira. Há anos não a vejo, desde que saí de Vitória/ ES.
Um dia ela apareceu no meu escritório com esse bracelete da foto. Fiquei deslumbrada com ele. Ela tirou do braço e me deu, mesmo sob meus protestos. Disse que era egípcio, uma antiguidade porque o marido dela teve loja de antiguidades na Europa.
Pra mim é a peça mais bonita que meus olhos já viram. Não me canso de admirar e quero mostrar para vocês. É de prata de lei e parece que é artesanato.
Saúdo seu artesão, por me dar o prazer de admirá-la, todas as vezes que a vejo.