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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Queda de braço nas Olimpíadas

- Queda de braço ...
                                     
Os resultados dos atletas que competem com a bandeira nacional é o retrato do esporte no Brasil. Que fique claro que não reclamo nem acho ruim. Pelo contrário, sei que o brasileiro não gosta de competições, de disputas, de medir forças. 

As Olimpíadas não foram criadas para uma pessoa,com talento para um esporte,  esfalfar- se até o prejuízo de sua saúde. 
Aquela imagem de uma belga, chegando toda desconjuntada em uma maratona feminina, em uma dessas Olimpíadas antigas, é patética, absurda, dá medo pelo que podem fazer com uma pessoa para atender interesses que não são sadios.

O que não gosto é da exploração das pessoas que praticam esporte para atender seu talento e vontade e, quando chega a uma competição dessas, vira clamor nacional por um resultado. Por ser pago pelos Correios, Caixa ou Exército o atleta passa a ser obrigado a vencer e a vencer. A cobrança, geralmente, é de quem só pratica Levantamento de Copo, possui barriga proeminente e mal corre da chuva sem resfolegar.

A prática do esporte no Brasil é pessoal. O brasileiro pratica esporte pelo lúdico, pela competição caseira, para ter mais saúde, um corpo mais esculpido, pelo prazer da convivência com os amigos. Com poucas exceções , muito poucas na contagem da população, um ou outro destaca-se por mera contingência da natureza. 

Por isso, ninguém se importa com Olimpíadas, campeonatos disputados pelo mundo, medalhas que serão esquecidas dentro das caixas e desaparecerão depois da sua morte.

Papai foi campeão mineiro  de esgrima, florete, pelo Minas Tênis. Não continuou porque não tinha dinheiro para bancar as viagens das disputas. Suas medalhas, roupas de esgrima e botões sumiram todos porque brincávamos com elas. Sumiram. Ele nunca nos proibiu de andar com elas no peito. Suas fotos foram abocanhadas por uma das minhas irmãs e eu sequer tenho acesso a elas. Tudo perdido no tempo. Um dia, até as fotos serão jogadas no lixo por seus netos. Meus filhos nunca as viram.

As medalhas dos meus filhos , na natação ou jiu-jitzu estão no fundo de alguma gaveta. Um troféu de natação entulha uma estante e ninguém o quer. Não jogo no lixo porque não é meu e o dono nem olha pra ele.

Hoje, o que vale são os interesses das grandes marcas esportivas que mandam e desmandam no esporte. Hoje, não existe o espírito esportivo mas a obrigação de ganhar para fazer jus ao que recebe. Quando o atleta perde ele chora porque não sabe fazer outra coisa e pode perder o salário que recebe de alguma empresa. O choro das vitórias é a explosão da adrenalina, da expectativa , do alívio da  pressão imposta. O prazer puro e simples não existe.