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quinta-feira, 9 de março de 2017

Arrogância condenada

- Comunidade da Pomerânea de Domingos Martins/ES
                     
Notícia importante para comemorar o avanço do entendimento construído pela sentença de um Juiz Federal, chega até a mídia.
Um juiz do trabalho é condenado a indenizar um trabalhador rural, parte de um processo, porque recusou a fazer audiência à vista do reclamante usar chinelos de dedo.

Isso me faz lembrar quando juízes do interior do ES, município de Domingos Martins, recusavam ouvir trabalhadores da zona rural porque não falavam português. Eram descendentes de imigrantes da Pomerânia, isolados no meio das montanhas e falavam um dialeto desaparecido  na Alemanha. Nem com a condição de um intérprete os juízes aceitavam. Ficava por isso mesmo até que um meu primo, hoje desembargador, mineiro de Belo Horizonte, foi nomeado juiz da comarca e mudou esta prática. Mesmo tendo que fincar pé para não ser punido pelo corregedor.


Em uma ocasião,  fui fazer audiência no juizado especial. Meu cliente estava comigo, era pobrinho e usava chinelos de dedo. No caminho para um forum merreca da periferia, caiu um toró que alagou as ruas. Então, um ônibus passou por mim, do lado do motorista e por cima de uma poça d'água, sem diminuir a velocidade.  Eu estava com a janela do carro aberta pela metade e um jato d'água   entrou no carro. Ficamos encharcados de água suja, cabelos como pinto molhado. 

Não dava tempo e nem havia lugar para compor-nos  e fomos para audiência com aparência horrível. Pois o juiz  tratou-nos como cachorros porque não estávamos compostos para uma audiência. Eu não vou repetir toda a cena porque não tenho forças morais, definitivamente, mas resumo para vocês que meu cliente entrou em pânico, saiu correndo e, depois, pediu para eu desistir da ação. O meritíssimo fez uma reclamação contra mim na OAB ( a única da minha carreira) sob a alegação de eu estar jogando o povo contra a justiça, exatamente pelos argumentos da sentença a que me referi acima.
Detalhe, o juiz era mulato, integrante do Movimento Negro do ES, pediu minha cabeça para o meu chefe que, também mulato, era companheiro de militância dele. Eu fui exonerada do cargo porque recusei-me a pedir desculpas ao cretino. Deixei de ir a comemorações do Dia do Advogado na OAB quando o vi na festa daquele ano, sendo tratado com loas pelos advogados puxa saco de juiz.

Um país como o nosso, nas mãos de uma cambada de arrogantes, distantes do povo, precisa ter cidadãos lúcidos para caminharmos para frente. O preço pode ser alto mas estamos indo em frente. Mesmo que devagar.


A sentença? KLIKA AQUI