Asfalto ao fundo |
Existe um programa para baixar na televisão onde podem ser vistos vários lugares. São câmeras afixadas em cidades, praças, lugares famosos ou estradas interessantes.
Dublin também tem uma. A câmara mostra uma esquina de rua com calçamento de pedras luzidias na chuva e sob as luzes da noite. Lugar bonito com bares e restaurantes, conhecido pelos turistas e pelo mundo. As pedras do calçamento dão uma beleza ao lugar e são importantes na sua composição.
Qual não foi o meu espanto quando vi as pedras serem asfaltadas. Inicialmente pensei que estariam fazendo alguma obra no sistema de esgoto ou água, quem sabe instalando fios subterrâneos para não estragar a paisagem. Mas, pouco a pouco percebi que era cobertura de asfalto sobre as pedras. E, estas são tão lustradas que devem ter dezenas de anos.
Lembrei-me de Vitória capital do ES, de um prefeito, na época da ditadura, nos anos setenta do século passado, e portanto nomeado sem eleição direta. Este senhor mandou asfaltar as pedras das ruas da Cidade Alta, tornando tudo um absurdo. Na mesma ocasião em que o desembargador presidente do Tribunal de Justiça conseguiu do governo estadual a desapropriação de duas casas da época do Brasil colônia. Ele mandou derrubar as duas mesmo ante os protestos da população que chegou a acampar no lugar. Disse que a casa era naturalmente tombada. Referia-se a uma delas que estava maltratada e desprezou a outra restaurada por um arquiteto mineiro.
Que vergonha para a população de Dublim que deixou correr solta a decisão da autoridade local! Porque não vi nenhuma reação, nenhum protesto. Talvez, todos obedientes e disciplinados com a ordem do senhor prefeito para ficarem em casa, escondendo-se da morte.
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