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domingo, 2 de outubro de 2016

Nó em pingo d'água

                        

As eleições municipais são melhores porque o cidadão pode ter a sensação do voto valer mais do que nas outras, estaduais ou federais. O poder de decisão está mais perto. Mas...

Em uma cidade turística, cheia de habitantes vindos de outros lugares, o vínculo eleitoral é muito pequeno. Como essa gente , vinda de fora, tem pouco lastro com a cidade, pouca participação na sua construção, o prefeito eleito pode ser um candidato ligado ao prefeito anterior e levar vantagem sobre os demais.
Um exemplo é o candidato a prefeito de Guarapari, Edson Magalhães. Ele sente-se como aquele síndico de condomínio que não larga o osso. Foi vice de prefeito eleito por duas vezes. Na segunda vez, assumiu a prefeitura com o afastamento do prefeito. Tudo orquestrado por ele. Como prefeito mandou calçar ruas na periferia e candidatou-se novamente. A Justiça Eleitoral embargou sua candidatura porque já tinha sido reeleito, como vice, na chapa do prefeito reeleito. Ele insistiu enquanto recorria dessa decisão. Conseguiu ter os votos necessários para ser prefeito mas a eleição foi anulada porque o TRE confirmou a sentença que impugnou sua candidatura. Houve nova eleição, fora do tempo e gastando o dinheiro do eleitor, com candidato novo e indicado pelo impedido. Esse candidato ganhou as eleições. Mas não pode tentar a reeleição porque o senhor Edson Magalhães está novamente no páreo. Nesse meio tempo, elegeu-se deputado estadual.

Para mim é indiferente porque esse cara não fede e nem cheira a não  ser  porque  pesa sobre ele, vinte e três processos por corrupção. Seriam  licitações fraudadas por haver empresas ligadas a ele mesmo. Como a Justiça não fez nenhum julgamento desses processos que, se confirmadas as acusações, o fariam Ficha Suja, ele pode ser eleito.

Mais uma vez o Poder Judiciário falha com o povo. Primeiro não julgou, confirmando a tempo quando o candidato estava impedido, fazendo gastar dinheiro com eleição, posteriormente anulada. Agora, não julgou os processos por improbidade, permitindo que o cara seja eleito.

Quando eu digo que esse país seria outro se o Poder Judiciário estivesse mais ligado na construção da nação, da democracia do que na mantença do poder e sua grana, aqui tem mais um argumento.