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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Embaralhando as cartas

                                                 


Uma coisa a analisar é que o Bolsonaro foi deputado durante vários mandatos mas não tem confiança em nenhum, das dezenas com quem conviveu. Pode ser que haja confiança relativa mas mão no fogo, nenhuma.
Na formação do seu governo, cercou-se de militares. Até  em cargos que poderiam ser preenchidos por civis. Ou deviam.

No caso específico, não serve o : Diga-me com quem andas e dir-te-ei quem és. Há décadas deixou de ser militar. As mesmas décadas que tornou-se político. As más línguas dizem que foi expulso do Exército, que Geisel disse que ele era terrível.
Minha visão de quem gosta de ver a atuação dos líderes naturais, para o bem ou para o mal é diferente. O líder natural pula na frente da baioneta. E sequer  sabe explicar o motivo. Jura não participar de mais nada e só não o faz se o amarrarem no pé da mesa. Se não conseguir soltar-se.

Bolsonaro saiu do exército por uma espécie de pressão pois sofreu processo administrativo depois de fazer protesto por melhores salários. Não foi provado que ele ia colocar bomba em algum lugar como forma de ação. Tudo com uma  boa tese de reivindicação, que era a falta de recrutas para fazer a renovação nas escolas, devido a baixa remuneração. A fala de Geisel não importa. Pois o general era um militar que não admitia desobediência sequer em pensamento. Ordem unida e continência, sempre.

Isso não importa mais, é passado e a vida segue. Há de virar a página e seguir em frente. Muito mais em um país onde a formação de sua democracia vem claudicando. E, com  grupo de gente  a quer chegar ao poder haja o que houver, custe o que custar. Acho que vou morrer sem que fiquemos livres dessa gente que se renova como agentes, mas com o mesmo discurso. A alternância de poder entre  os contrários faz o povo de joguete e obriga a engolir ditaduras que corroem  o surgimento de novas lideranças. Desde os anos vinte do século passado. É muito tempo.

Fazer um governo com predominância de militares não faz diferença histórica. Podemos dizer que os últimos ocupantes do poder foi uma república de  sindicalistas. Houve, até,  sindicalista médico como ministro da economia!

No fundo, Bolsonaro, que levou uma facada na barriga, com morte certa em cem  por cento das vítimas, precisa cercar-se de quem ele sabe que é treinado para cumprir ordens e tarefas. Sem evidente  pretensão política. Portanto, podem focar no  trabalho sem desviar-se em  militâncias políticas.  Em tese, pelo menos.

Vejo militares no poder como quando sindicalistas lá estiveram. Apenas como falta de pluralidade no pensamento. E, sem lideranças civis, naturais, com visão de estadistas e não de caudilhos.

                                   

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