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sábado, 12 de janeiro de 2019

Destrinchando a notícia

- Árvore remanescente em Coari/AM com dois pontos brancos  ao pé, à direita, uma sou eu, para comparação do tamanho.. KLIKA na foto para ficar  maior.
                           

Quero levar uma experiência  que eu tive para  termos a chance, inclusive eu, de interpretar as notícias. Além disso, quando participamos de movimentos  populares e no rabo da política, sabemos que as notícias raramente correspondem aos fatos. Quando não são totalmente distorcidos.

Uma vez, houve um comemoração ao Dia Internacional da Mulher e resolvemos convidar uma personagem de fora para fazer uma palestra. Conseguimos o auditório do Palácio do Café, no centro de Vitória. Muito pequeno, não cabe  mais de cem pessoas. Por isso ficou esburrando de mulher, em pé, nos corredores. Não contávamos com tanta gente.  Mas não tinha outro jeito. Não há auditórios grandes na cidade, onde a vida é ao ar livre e ficar preso, ouvindo outro falar  é quase impossível de conseguir.

No dia seguinte, a notícia do jornal ressaltou , com fotografia,  a mesa  com garrafas d'água grandes e com copos de plástico sem ninguém para servir,  que o calor era insuportável pela falta de ar condicionado. Falou que estava cheio  e muito desconfortável, com gente sentada no chão, inclusive crianças.
Não escreveu uma linha sobre a palestra, não percebeu que as pessoas estavam ali, mesmo de forma desconfortavel mas  alegres, confraternizando, com mulheres de todas as classes sociais e níveis de cultura.

O pessoal organizador do evento telefonou-me para discutir se deveríamos telefonar para o jornal, em protesto porque   fizeram um parágrafo grande sobre as roupas desiguais, evidenciando a diferença social sem  escrever  nenhuma  letra positiva mas em tom de deboche. Com aquela foto absurda da mesa com as garrafas grandes de água.
Era um tempo recente  com o fim da ditadura, quando era proibido por lei             ( AI 5 ) haver  reuniões ou debates de direitos mas o jornal só viu roupas, garrafas e desconforto . Tiramos muitas fotos do evento mas não as tenho comigo. Estão, se não foram pedidas, nos arquivos da associação e doados para os arquivos da Assembleia legislativa do ES.
Prevaleceu a  minha opinião  e não retrucamos nada. Afinal como explicar para  energúmenos o que suas inteligências não conseguem  captar e a pessoa tem propensão para a destruição e o achincalhe. Inclusive o risco de fazer desafetos definitivos é muito pior.

Vejo em notícias de jornais e portais da internet que a questão continua, a ânsia em mostrar o negativo, o material, o que não tem nenhuma relevância social ou política, talvez para denegrir e desviar a atenção do principal.

É preciso saber ler um texto e retirar a notícia, duvidar de algo que aparece nas entrelinhas e perceber a linha editorial do jornal.
Tenho pavor de gente virulenta, agressiva na forma de escrever seja de qual segmento seja, como não gosto de filmes de tiros, socos e sangue escorrendo.

De toda forma, não podemos deixar de ler tudo mas ficar esperto, não custa nada.