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quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Chuva de honestidade


                           
                           

                   Flávio Leandro, Cicero Mendes e Chico Justino

                                 


Como já estou perto do fim do  prazo de validade, começo a ter piripaques que nunca tive. Um exemplo são  esses apoios ergométricos para pés nos escritórios. Sempre me perguntei o motivo de sua existência. Pois tive que comprar, pela internet, um desses para mim. Descobri que a musculatura do joelho, especialmente  a de trás começa a dar problemas se uma pessoa fica com a perna recolhida durante muito tempo e fora da posição correta, quando sentada.
Com a ociosidade, sentada em leituras, computador, televisão, tablet e  tudo o que a vagabundagem me dá direito, depois de décadas de muito trabalho, vem também a cobrança da idade. Caramba! Quando podemos fazer as coisas sem que a vida nos cobre o preço?

Com as eleições em plena reta final, com tanta coisa para acompanhar, continuo fazendo meus exercícios mas fico sentada demais. Sou obrigada a me vergar às evidências e digo que aproveitem a mocidade porque envelhecer é o maior desaforo. Minha meta é Dona Senira, minha vizinha e de quem já pedi para ver a Carteira de Identidade para creditar que ela tem 98 anos. Contemporânea da minha mãe que morreu há seis anos,  dando tiro para todos os lados. Mas ela continua com jeito e disposição de sessenta anos. Impressionante! Um dia tiro foto com ela para mostrar para vocês, a pele impecável nas viagens pelo mundo afora e votando como qualquer adolescente.

Por falar em eleição, quero mostrar para vocês uma música brasileira, à perfeição, nordestina com sotaque de primeira , sanfona e roupa típica, que nos deixa anos luz dessa música ordinária sulista de pseudos gênios,  vomitadas pela rede de canais de televisão hegemônica com seus artistas que tacam pedra no povo mas lá de Miami.

A letra da música:

Quando o ronco feroz do carro pipa, cobre a força do aboio do vaqueiro Quando o gado berrando no terreiro, se despede da vida do peão Quando verde eu procuro pelo chão, não encontro mais nem mandacaru Dá tristeza ter que viver no sul, pra morrer de saudades do sertão Eu sei que a chuva é pouca e que o chão é quente, Mas, tem mão boba enganando a gente, secando o verde da irrigação Não! Eu não quero enchentes de caridade, só quero chuva de honestidade Molhando as terras do meu sertão Eu pensei que tivesse resolvida, essa forma de vida tão medonha Mas, ainda me matam de vergonha, os currais, coronéis e suas cercas Eu pensei nunca mais sofrer da seca, no nordeste do século vinte e um Onde até o voo troncho de um anum, fez progressos e teve evolução Israel é mais seco que o nordeste, no entanto se veste de fartura Dando força total a agricultura, faz brotar folha verde no deserto Dá pra ver que o desmando aqui é certo, sobra voto, mas falta competência Pra tirar das cacimbas da ciência, água doce que serve a plantação