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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Escondendo debaixo da saia da mulher



                                

 
Eu saí de Minas Gerais, custei a me adaptar no ES, sofri muito e não voltei porque sou obstinada. No Brasil cada estado da federação é um país e até o português tem características e sotaques próprios. Os costumes são outros e a diversidade é completa. Não quero falar mal do Espírito Santo onde estou exilada há décadas. Já melhorou demais e aqui já foi terra de pistoleiros e gente dona do estado na base do revólver na cintura. Mas tem evoluído e as notícias de morte com tiro na nuca, no meio da rua, já não são comuns.

Todos viram as notícias sobre a greve dos policiais militares do ES e suas consequências. Na noite que a coisa desandou, o disjuntor do poste  da minha redondeza estourou e fiquei sem energia a noite toda. Telefonei para a companhia responsável e nada. Dormi zero por conta dos pernilongos pois  os aparelhos que os espantam são todos conectados na energia elétrica. Só vim saber do motivo pelo Face. A princípio não acreditei porque a cidade é pacífica e não podia captar que um grupo de moradores são bandidos, gente de alta periculosidade e que não assaltam ou matam porque tem polícia nas ruas. Custei a crer, mesmo vendo as notícias e fotos. Só acreditei quando uma amiga fez  comentários, testemunhando o arrastão no centro de Guarapari. Perto da minha casa não aconteceu nada mas tudo ficou fechado na cidade e tive que racionar a banana de Chefe Boran e seu clã.

Polícia nunca é confiável. Aqui em Guarapari são uns rapazotes entre vinte e vinte cinco anos. É comum a cara de paisagem quando precisamos deles. Na aparência são padronizados na cor, no tipo, na altura e na forma de ser. São moços bonitos, bem tratados. São uns bobos. Mas possuem a espectativa de autoridade e isso ficou claro na confiança da bandidagem agir com a certeza que eles não estariam a postos. 

Como policia militar não pode fazer greve, os líderes articularam, usaram suas esposas, mães, as mulheres da família para bloquear a entrada do quartel. Pasmem, fizeram até acampamento com churrasco, música e dança. Ignoraram solenemente os crimes sendo cometidos quase nas suas barbas. Nada deve ter sido feito de um dia para outro e o comando aderiu sem tomar nenhuma providência. Para mim é outro tipo de bandidagem para ferir a lei tão qual os outros que pilharam o comércio em várias  cidades do estado. Atrevo-me a dizer que as duas ações foram articuladas porque as pilhagens foram muito semelhantes entre elas. É preciso apurar com rigor.

Espero que sejam punidos bem como os saqueadores tão logo identificados. Houve forte prejuízo no comércio, na economia em geral, a cidade parou, ninguém saiu de casa por dois dias em todo o estado. Com a chegada do Exército no ES as coisas começam a voltar o normal mas o ônibus daqui para Vitória não está circulando e meu filho teve que ir de taxi.

Eu não vou me escandalizar com nada nesse mundo. Com a superpopulação e as demandas se multiplicando, a paz é uma conquista diária.