Elvis participando da Campanha para a vacinação |
Tive uma vizinha em Belo Horizonte/ MG, vinda do interior mas de um lugar tido como civilizado, Ubá. Ela tinha um filho que mal andava porque tinha tido paralisia infantil. Um casal elegante, bem vestido, carrão e apartamento em lugar chique, na av. Uruguai.
De certa feita eu vi o adolescente, com uns treze anos, subindo a rua Pium-í de muletas, praticamente se arrastando subida acima. Ele estava de uniforme, voltava da aula. Eu não ofereci carona porque não estava de carro mas de ônibus e o burburinho dos passageiros mostrou muita pena do rapazote. O ônibus subia devagar porque a subida é forte. O esforço hercúleo pois, na verdade, ele estava precisando de cadeiras de rodas porque arrastava as pernas. Fazia calor e seus cabelos caiam na testa. Nunca me esqueci da cena. Lembro-me que uma vez passei por ele e tinha cheiro de urina. Até hoje penso se eu devia ter pego o meu carro, voltado lá e o levado para casa.
O que eu quero dizer? Os pais não vacinaram o filho e as consequências estavam ali. E a maldade, omissão e egoismo continuavam na medida em que não assumiram o transporte ou a assistência ao filho e suas limitações. Tudo ao deus-dará.
Como nunca me esqueci dessa cena, fico penando o que aconteceu com ele porque tive notícias que a família voltou para o interior. Não se adaptaram em BH.
Agora leio que a população não está levando seus filhos para a vacina contra a paralisia infantil. Como assim? Um dos motivos aventados pelos especialistas seria porque a população só conhece as consequências da doença por ouvir dizer.
Eu tive que telefonar para a avó da minha neta - a filha toupeira é impossível de conversar - para lembrá-la da data de vacinação e ficou de telefonar para a filha. Ninguém sabia de nada.
A campanha do governo devia ser como outrora quando uma criança de muletas ficava estampada no cartaz. Quem sabe essa gente cai na real. A inteligência, às vezes, precisa ser concretizada para entender a mensagem. E existe uma malta de energúmenos incapaz de captar seja o que for a não ser o que lhe está ao redor.
Vão trazer de volta a figura do Zé Gotinha porque até ele foi deixado de lado. Parece que o governo navega nas nuvens do imponderável e paga para ver.
Que consigam vacinar as crianças, mesmo com o bacilo sob controle. Trazer de volta o mapa da vergonha com algum caso da doença não pode acontecer.
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