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quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Olé mulher rendeira

                             

Meu marido era arquiteto. Minha prima Sara, apelido Piti, disse-me uma vez que meu inconsciente me traiu quando ele disse que era estudante de arquitetura. Eu ia para a casa dela ( Tio Asplênio e Tia Dirte , ela irmã de mamãe) e ficava embaixo de uma mesa enorme onde os desenhistas faziam as plantas dos projetos porque titio era engenheiro sanitarista. Os armários de madeira e portas de vidros, estavam cheios de rolos de papel manteiga.O cheiro me fascinava. Ela disse-me  que não entendia porque eu ficava ali enquanto eles brincavam no quintal gigante e gramado.

Eu digo para meus filhos que, enquanto os reis fizeram palácios para as mulheres que amavam, o pai deles  fez uma casa para mim. Esta onde moro hoje. Quando ele perguntou-me como eu gostaria da casa eu lhe respondi que podia ser uma casa estilo mediterrâneo espanhol, branca, com a fachada bem simples que ninguém desse nada mas quando entrasse nela soltaria uma exclamação. Com poucas paredes e separação pequena entre a cozinha e a copa porque enquanto a pessoa cozinhasse, poderia participar da conversa de quem estivesse sentado na mesa. Que não houvesse nada que fosse estilo estadunidense ou afrancesado. Nada de vidros ou alumínio ou rebuscado.
O projeto só não é perfeito porque o lote é pequeno e irregular. Mas é exatamente como falei. Todos, que aqui entram, soltam uma exclamação. 

Na decoração tudo é brasileiro. As flores,sempre-vivas colorizadas, os jogos de mesa que Maria Inês mandou de Minas Gerais, as toalhas e as colchas que mamãe fez de tricô, no qual  era exímia, as toalhas de enfeite feitas pelas rendeiras do Ceará. As plantas as quais procuro seguir porque meu marido era paisagista também.Os detalhes, as retas e as curvas, os azulejos lembrando a dominação árabe completam detalhes na cozinha e na copa.O teto, com ventilação natural, de madeira, sobrepostos ao de laje na área interna. A única coisa que  ele não aprovaria são os quadros nas paredes mas eu não posso jogar fora os que estavam na decoração da nossa casa em Vitória/Es ou de Belo Horizonte/ MG.

Na festa de encerramento das Olimpíadas houve um balé, compondo as rendas do nordeste com uma rendeira no meio do palco. Foi belíssimo e não sei se os estrangeiros captaram a mensagem, se repararam na beleza da cena. As rendas do Ceará projetadas pela computação gráfica são  muito comuns e eu as tenho todas as que apareceram e mais outras maiores. Inclusive comprei uma, recentemente, para a casa do meu filho que ele decorou e não sabia o que enfeitar na mesa de jantar.

Eu sei que todo brasileiro, que por aqui passa, conhece essas rendas mas os estrangeiros precisam saber os detalhes e até adquirir uma beleza dessas quando aqui vierem. Eu até mandei uma para Moçambique, para uma blogueira quando ela contou que estava decorando a casa dela. 

O encerramento  das Olimpíadas, no estádio maravilhoso do Maracanã, serviu para divulgar nossas danças e artes, a alegria do brasileiro, a força do conjunto. Li que alguns comentaristas estrangeiros não entenderam bem o que se passou, embora tenham recebido, como todos, uma sinopse do que era projetado. A ignorância sobre o país é muito  grande porque a maioria é como o nadador mentiroso, acha que aqui só tem batuque e bandido. Do frevo, escreveram que é folclore !!!! Deixa pra lá. Quero dar destaque as rendas do nordeste e como foram mostradas nas dançarinas com suas roupas lindíssimas e na projeção de computador e que as tenho, todas, revesando  na decoração da minha casa.

Imagens precárias mas a única que encontrei KLIKA