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domingo, 18 de setembro de 2016

Os órfãos do amor paterno

                      
                       - Maurício com o pai. Perda sem remédio.

Todos os dias matam homens na violência ocasional ou a proposital das guerras. Desde que o mundo é mundo. Mas quando seu inconsciente está carregado, ao  tomar conhecimento de certos fatos, emerge o sofrimento sem que haja controle.

Um homem que tem  filhos impúberes precisa contar até dez antes de fazer o que outro sem compromisso pode fazer. O pai é diferente dos outros e  precisa pensar mais que, a sua falta compromete seus filhos no âmago. 

Tenho pena de todas as mulheres que ficam viúvas com filhos pequenos. Na minha casa, eu que fiquei sem meu marido ainda jovem, dou como exemplo a mãe de Luiz Carlos Prestes. Ela ficou viúva, com dez filhos, todos menores. Naquele tempo não existia sequer a pensão por morte que apareceu anos depois. Por isso, compreendo a revolta que pautou a vida de Carlos Prestes, filho mais velho. Ele arcou com a responsabilidade de assumir a família, ainda adolescente, e, somente sobrou tempo para namorar quando já tinha quase quarenta anos. Então, é assim mesmo. Cada filho precisa esforçar-se para viver sem um pai. Cada um a seu modo. 

Vidas e vidas. Quantos órfãos feitos por um mundo onde a violência da morte não se lembra deles. Adultos sedentos de poder, de glória e de espaço político, pessoal ou de nações falham e falham , sempre.

Quero homenagear todos os órfãos da miséria, da dor, da violência, privados de conviver com seus pais e com eles aprender o mundo na visão do masculino, da presença insubstituível do amor paterno.

Quero deixar meu lamento para todos os filhos, fadados a perder seus pais na tenra idade e impossibilitados de ter completa a formação da sua personalidade.

Que cada um deles, possa viver sem a mágoa e a saudade pela falta grandiosa de um pai ao lado.

As dores são da alma e o inconsciente é poderoso...


terça-feira, 11 de junho de 2013

As mortas vivas

                              
- Bons tempos aqueles !

Fui ao Forum de Vila Velha-ES. Antes de entrar passei em uma lanchonete. Enquanto fui à calçada tomar água, chegou uma senhora com um nenê em uma bebê-conforto. Colocou o dito sobre a mesa.Todo enrolado para proteção do vento sul. Era a cara da avó que o olhava embevecida, enquanto a mãe buscava o carro no estacionamento.Comentei com ela sobre a semelhança. Embora uma senhora, os traços eram os mesmos.Ela disse que o bebê era a cara do pai, seu filho.

Continuou dizendo que estava ali no forum porque o pai da criança tinha sido assassinado quando a mãe tinha três meses de gestação. Precisava do suprimento da autorização do pai para registrar a criança. Disse que precisava falar rápido porque a nora já vinha.Que o filho tinha sido morto na porta de casa enquanto estacionava  sua S10. A nora subiu ao segundo andar e, de lá, ouviu o tiro. Não tinham idéia de quem  matou o homem de trinta anos.

A mãe da criança, jovem, bonita e de olhar frio, sem um sorriso no rosto pegou o bebê-conforto e o colocou no carro.Sem expressão, nada, nada, ligou o carro e se foi.
A avó sequer sorriu para mim na despedida. Balançou a mão. E, foram embora.

Um país violento, onde não buscam as causas e nem procuram conter essa epidemia deixa para trás uma legião de mulheres  destruídas.  Muitas na mocidade, com filhos para criar. Todas, sozinhas na sua dor.

Como surgiram estas hostes de criminosos que de uma forma ou de outra, transformaram pessoas em zumbis ? Muitos , impunes, transitam na cara de suas vítimas, sorrindo do rastro de sofrimento deixado nas manchas da vergonha nacional.

Queiram ou não, o pessoal do governo federal é responsável por tudo. Mais que nada pela inércia da presidenta que não dá nem pelota para os ventos fortes da criminalidade. Ignora a dor dos atingidos, omite-se com a Secretaria dos direitos Humanos, não tem tempo para prestar atenção na juventude que morre ou que comete crimes. Está com os olhos voltados aos desatinos de seus partícipes. Como dizem por aí, onde tem petralha, tem coisa ruim.

Procurei e achei a notícia: KLIKA