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sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Cortem as visitas

                                      

Quando cheguei em Vitória/ES tive a sorte de fazer parte de um grande escritório, diversificado, de advocacia, cujo lider era um criminalista perspicaz. Aprendi demais com ele. Tinha 32 anos apenas e nunca escondeu seu talento ou boicotou seu saber. O respeito aos advogados que ali trabalhavam era irretocável, alguns mais velhos do que ele. Sempre incentivando o debate e o estudo. Se algum juiz elogiava meu trabalho ele comentava comigo, parabenizando-me. Chegou a governador do ES; Jose Ignácio Ferreira. Sou grata a ele, eternamente. Dizem que o que ele passou na política, com acusações e processos, foi vingança do crime organizado, desbaratado quando foi governador. Comigo foi sempre de uma honestidade ímpar. O que ele combinava era cumprido à risca. 

Ao conhecer os acusados diversos que iam ao escritório, pude perceber que os ligados aos crimes contra o patrimônio, eram por compulsão. Eu conversava com eles para poder entender porque homens ricos ou com altos cargos em empresas, apoderavam -se de quantias que não eram suas. Todos explicavam que cederam à facilidade, à tentação, o impulso. 

Essa gente da Lava Jato são todos viciados em apoderar-se de quantias que facilmente estão disponíveis, tal qual um jogo de poker, como um dos acusados do escritório comparou. Um dia pega pequena quantia e ninguém descobre. A quantia vai sendo aumentada pouco a pouco até que  perdem a noção.

Eu atrevo-me a dizer que essa gente petralha vai além. Muito mais do que apoderar de dinheiro alheio são gente fadada ao crime organizado, à formação de quadrilha. Não agem sozinhos mas em grupo articulado. E, como tal, de dentro da cadeia, comandam as invasões de escolas e faculdades no Paraná. Como vingança à República de Curitiba.

Parece  aplicação das práticas expostas na Cartilha do Terrorista, mas agem como bandido comum. Já foi o tempo em que preso político ensinava bandido a roubar banco. Hoje, copiam bandido comum, que manda tacar fogo em ônibus  como forma de retaliação. Todos comandam pelo celular ou através da parentada e advogados que os visitam.

Os mesmos que afirmam que traficante merece respeito e comemoram suas investidas, quiçá sejam seus clientes, são aqueles que comemoram pelas redes sociais. Travestidos de universitários e até professores, trocam hurras e querem mais. Não se importam se, pelo caminho, prejudicam quem menos merece; o Zé Povinho. 

Bandido é tudo a mesma coisa. Só muda o invólocro.