Mostrando postagens com marcador mangueira com água. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador mangueira com água. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 10 de março de 2014

O ladrãozinho e eu

                                            
Toda tarde molho minhas plantas. Às vezes penso que seria melhor fazê-lo pela manhã. O porteiro do prédio próximo fica de olho, quase me protegendo porque todos da vizinhança tem o trato de alertar, se atacado. Meus filhos são contra e acham que deveria acabar com as plantas. Mas penso nos passarinhos e nas borboletas que vem buscar nectar. A coisa mais linda são os beija-flores, alguns mínimos, outros  bem grandes que chegam, aos bandos,  a parar nos galhos das árvores ou no varal. E, as espécies de borboletas vem aumentando ano a ano.

Esta tarde, ainda estava claro e achei que não haveria perigo. Saio de casa mas fecho o portão. Fazer-me entrar é difícil. Tenho a estratégia preparada há anos em caso de ataque. Entrar nunca mas correr para o meio da rua.

Eu molhava minhas plantas quando caminhou para mim um rapaz alto, bem vestido, de camisa de malha vermelha, bermuda preta e chinelo havaiana com bandeirinha do Brasil. Liguei meus alertas e ele aproximou-se, pedindo para eu deixar ele lavar os pés. Deixei. Pediu água para beber e, eu estúpida, em vez de entrar e não voltar, voltei. Ele bebeu e se foi.Voltou sorrindo. Pensei que a coisa estava ficando ruim. Medo? Nenhum. Sangue frio como, há muito,  planejei. Ele colocou a mão debaixo da camisa e disse para eu passar a aliança. Não entendi e peguntei o que. A aliança, passa a aliança. Não tenho aliança.E, aí lembrei-me  da minha aliancinha de prata com cara de elefante que comprei na Cidade do Cabo e meu anel com brilhante . Os dois na mão esquerda. Brilhante é coisa que brilha pra caramba e o sol batia nela. Meu reflexo ainda está bem e desde que eu fui assaltada há onze anos, na subida  da rua, por um rapaz semelhante a este, espero a revanche. Quando entendi o que ele queria e vi que era a mão debaixo da camisa, esguinchei água na cara dele, nos olhos e comecei a gritar, socorro, ladrão.O susto que ele levou foi ótimo, com a água batendo no olho dele.Virou-se, saiu correndo pela rua de lá e eu gritando em plenos pulmões, ladrão, ladrão, socorro ladrão.

Na verdade ele viu a rádio patrulha passando e percebeu que era boa hora de atacar, tão logo ela virou a esquina.

Entrei rápido e só saí para atender os porteiros me chamando. Vieram dizer que o cara desceu a rua e esborrachou-se  no chão, levantou e sumiu.Telefonamos para o 190 , apenas para alertar a ronda policial.

O assalto de dez anos atrás, quando levaram minha bolsa , agora pode ir  para a gaveta do esquecimento. Não se deve reagir ? Depende. Se a situação tá pra peixe, sim. 

Adrenalina ? Zero.

Tem coisa muito melhor para prender minha atenção: KLIKA