sexta-feira, 28 de setembro de 2018

... Na boca do lobo

                                                   

Tenho evitado fazer textos por aqui. Não vejo condições para escrever outra coisa que não seja sobre política e, como esta, está muito contaminada, não sei se vale a pena.

Mas, por conta do comportamento da petralhada, só por estes dias me dei conta da razão de um comportamento havido comigo e minha chefe em um encontro em Macaé/ RJ quando fui acompanhando-a como advogada.

Fernando Henrique fez uma lei, através de José Serra então ministro da saúde, regulamentando os planos de saúde. Eu era advogada de um desses planos, especializado em odontologia. O encontro em Macaé era para dar instruções de como aplicar as novas regras. Já havia chegado até nós, em Vitória/ES, instruções descabidas, vindas de São Paulo, totalmente erradas e sem sentido algum. Cheguei a telefonar para o escritório de SP para conversar sobre o absurdo dos erros e comunicar que não seguiríamos aquelas instruções. Sugeri a presidente da entidade que mandasse resposta por escrito e assim foi feito.

A reunião de Macaé foi marcada depois desses desencontros e não sei se havia outros pensando como eu. O fato é que fomos para a reunião de carro em um Sol de meter medo, saindo de Vitória/ES. Hoje eu vejo como eu era uma bestunta pois fui no meu carro com gasolina paga pela presidente. Acho que foi por nossa conta.

Fomos para a reunião em mesa redonda. Cada um apresentou-se e o cara que presidia, perguntou a minha presidente  quem era eu. Ela  apresentou-me , dizendo que o assunto tratava-se de lei e que por isso trouxe a advogada da entidade. Éramos as únicas mulheres.
Ao terminar a fala, foi o bastante para o presidente da reunião e mais um ou dois começarem a me esculhambar, dizendo que advogados não eram bem vindos ali e que não era nada da minha conta eu dar palpites. Minha chefe não tinha (  e não tem ) o dom da palavra e ainda pior, tem uma leve gagueira. Falar em público nem pensar, entrou em pânico pela agressividade dos tons de voz e dos discursos inflamados. Eu estava como mera advogada, não podia dizer nada sem autorização da minha chefe e a agressividade era tão grande que ela embatucou. Eu preferi ficar calada, pois me conheço bem e, se abrisse a boca, não ia deixar pedra sobre pedra. Como não era meu terreno, contive-me.

Quando minha chefe tentou dizer que eu apenas estava ali para dar parecer jurídico, para ela poder entender o que se passava pois não entendia nada de leis, foi quase linchada. Então eu disse a ela, baixo, só para ela, que seria melhor eu sair e ela abster-se de votar em alguma coisa que  não entendesse, fizesse constar em ata, se ata houvesse. Levantei-me para sair e quase levei uma rasteira de um doutor desqualificado.

Passaram-se todos estes anos e nunca me esqueci desse episódio. De vez em quando encontro minha ex chefe e  nos perguntamos, ainda   encucadas, o  por que daquele frege todo. Quantos anos?

A estúpida aqui só captou a mensagem décadas depois, por esses dias, ante o comportamento petralha desesperado em perder o poder.
 O pessoal era petista, gente tentando boicotar a lei criada por um contrário político, pois FHC é PSDB. Em São Paulo a briga entre esses partidos é tipo Corinthians e Palmeiras de onde sai até morte. Nós duas apenas cumpríamos nossa obrigação, administrando uma entidade, porque esse tipo de confronto não existe no ES. Ninguém aqui briga por política porque partido não tem força alguma mas lideres que trocam de partido todo dia.
 Como fomos burras, sem malícia nenhuma! No fundo não fez diferença porque a entidade seguiu minha instruções jurídicas e nunca teve problemas.

Hoje, vendo as reações políticas dos petralhas  para manterem  o poder, capazes de tudo, em um tipo de comportamento impensável por aqui no ES, tive, finalmente, a resposta sobre aquela bagunça toda, a baixaria dos doutores. Nós duas caímos na boca do lobo, na maior ingenuidade.


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