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terça-feira, 30 de julho de 2019

A empatia dos catadores de si mesmos

                        

A nova moda é EMPATIA. Ter empatia, confundir as emoções alheias com as suas, sofrer com quem sofre. Não leva em conta o ser feliz, com quem é feliz. Mas nivelar no sofrimento. A arte de colocar-se no lugar do outro e ser o outro. Ã?
Assim, se alguém é torturado é sinal de inteligência sofrer com a pessoa. Se alguém teve um pai morto na ditadura é sinal de bom caráter sofrer com seus filhos. Se em uma cadeia mal administrada, cinquenta e seis criminosos morrem e alguns cortam as cabeças dos outros, é sinal de empatia sofrer por eles ou com suas mães.

Se o conceito existe desde os gregos, quem foi o guru que levantou a tese só agora? Um auto denominado filósofo, australiano, com capivara intelectual de corar os pobres latinos americanos, veio ao Brasil proferir palestra em São Paulo e lançar seu livro. Foi o que bastou para alguns intelectuais apontarem, a todos os que cuidam da sua vida, por suas  falta de empatia.
Eu não tenho empatia e deve ser porque não tenho nenhum guru paulista. Aliás, se eles pensam alguma coisa eu vou pesquisar para pensar o contrário. Pois  o povo brasileiro não sai do lugar desde a Revolução Paulista que fez acordo com Getúlio Vargas para transformar essa nação em apêndice daquele  estado. Mas esse é outro assunto.

Voltando à vaca fria, essa conversa mole, essa tese - mais uma-  do primeiro mundo, está fazendo as pessoas sofrerem de tristeza, depressão e se matando quando não conseguem ser mais do que elas mesmas. Pois a tese é disseminada pelas redes sociais, lugar onde as pessoas procuram informação e saber. Ler livros, analisar teses está completamente fora de moda. O moderno é andar no meio do gado, tangido por berrante desafinado, mostrar-se bonzinho para ser aceito socialmente.
É mais um pensamento nascido de alguma culpa judaico-cristã. E, eu ando com pouca paciência para esse tipo de velha conversa,  para dominar o mundo, criar poderosos de toga e batina, fazer  soar catraca para maluco dançar.
Quando esse pessoal mandava no mundo, faziam guerras para impor seus ideais e filosofias, pilhavam o mundo, tocavam o pobre como lixo para desbravar terras desconhecidas, a empatia não era lembrada. Agora que estão vendo escorrer entre os dedos seu conforto com a volta dos explorados, dos que querem mais ações e menos palavras, inventam pensamentos de ordem para amansar o quê lhes cobram.

Por outro lado, ser cristão é condoer-se do sofrimento alheio mas jamais vestir o sofrimento do outro. Ao contrário, se tem poder e força, é cristão distribuir porque ninguém nasce para ser planta, indiferente aos e dos acontecimentos.

Mas empatia, que se dane os intelectuais de última hora, os santos de meia pataca, é para quem tem vocação para morrer de câncer pois somatizam os problemas e sofrimentos, que não são seus e nem podem resolver.

O coitadinho que vá  catar coquinho se mora longe do mar. E, conchinhas para fazer colar, se mora perto do litoral.
 Ah, lembrei-me agora, que na zoropa é proibido catar conchinhas e até sentar-se na areia da praia para não tirar um grão do lugar sob a alegação de agressão a natureza e está a contribuir pelo fim da humanidade. Quanto a coquinho, eles nem sabem o que seja.

Então, que vão se catar.

#empatia
#empatiaversuscancer
#culpajudaicocritao
#sercristao

sábado, 19 de agosto de 2017

Prefiro o grilo

                               - Se mora em Selva de Pedra não sabe    


Não! Você tem que ser solidário. Mas o que é ser solidário com fatos que acontecem onde não conhecemos, com gente que não conheço? Nem sei onde fica ? Nem tenho controle, opinião de nada a não ser o que a mídia diz?

Um dos motivos para uma pessoa ter câncer é a mania de constranger a alma com o sofrimento do mundo. Todas as pessoas que eu conheço e que tem ou tiveram câncer, vivem presas ao sofrimento de gentes e animais. Mas um sofrimento verdadeiro, de apertar o peito.

Uma vez conheci uma mulher, na rua, apresentada por uma amiga. Tão logo, começou a desfiar mazelas, a contar suas doenças, tivera dois tipos de câncer. Sua testa estava marcada por uma ruga em vê, de tristeza, olhar profundo com olheiras. O mundo desabava constantemente para a mulher. Em dois minutos comecei a sentir-me mal diante de tanto sofrimento contado. Não me contive e quando ela fez uma pausa  disse para ela o que eu pensava. Inclusive disse que ela se preparasse porque ia ter outro câncer que era doença dos nostálgicos, dos angustiados, dos palmatórias do mundo. Ela arregalou o olho e interessou-se. Sugestionável ao extremo, escutou com atenção  o que eu dizia, que parasse de pensar no sofrimento alheio, parasse de ler notícia sem importância na vida dela, que curtisse a praia, pegasse Sol, praticasse caminhada, exercício físico. Ouvir Datena e Marcelo Rezende nem com revolver na cabeça. Que não ficasse indo a igreja ouvir pastor dizer que Deus manda e desmanda na vida da gente, que buscasse a alegria, a liberdade e curtisse a aposentadoria, que não tivesse culpa por ser feliz e não ter problemas ... Fiz um discurso chato em um blábláblá de auto ajuda e fui embora, sem antes ouvir uma choradeira em agradecimento. Oh, céus!

Quero distância dos pessimistas dos fofoqueiros do mundo, do levanta poeira da desgraça e da comiseração universal.

Quem pariu Mateus, que o embale.