Não! Você tem que ser solidário. Mas o que é ser solidário com fatos que acontecem onde não conhecemos, com gente que não conheço? Nem sei onde fica ? Nem tenho controle, opinião de nada a não ser o que a mídia diz?
Um dos motivos para uma pessoa ter câncer é a mania de constranger a alma com o sofrimento do mundo. Todas as pessoas que eu conheço e que tem ou tiveram câncer, vivem presas ao sofrimento de gentes e animais. Mas um sofrimento verdadeiro, de apertar o peito.
Uma vez conheci uma mulher, na rua, apresentada por uma amiga. Tão logo, começou a desfiar mazelas, a contar suas doenças, tivera dois tipos de câncer. Sua testa estava marcada por uma ruga em vê, de tristeza, olhar profundo com olheiras. O mundo desabava constantemente para a mulher. Em dois minutos comecei a sentir-me mal diante de tanto sofrimento contado. Não me contive e quando ela fez uma pausa disse para ela o que eu pensava. Inclusive disse que ela se preparasse porque ia ter outro câncer que era doença dos nostálgicos, dos angustiados, dos palmatórias do mundo. Ela arregalou o olho e interessou-se. Sugestionável ao extremo, escutou com atenção o que eu dizia, que parasse de pensar no sofrimento alheio, parasse de ler notícia sem importância na vida dela, que curtisse a praia, pegasse Sol, praticasse caminhada, exercício físico. Ouvir Datena e Marcelo Rezende nem com revolver na cabeça. Que não ficasse indo a igreja ouvir pastor dizer que Deus manda e desmanda na vida da gente, que buscasse a alegria, a liberdade e curtisse a aposentadoria, que não tivesse culpa por ser feliz e não ter problemas ... Fiz um discurso chato em um blábláblá de auto ajuda e fui embora, sem antes ouvir uma choradeira em agradecimento. Oh, céus!
Quero distância dos pessimistas dos fofoqueiros do mundo, do levanta poeira da desgraça e da comiseração universal.
Quem pariu Mateus, que o embale.
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