Mostrando postagens com marcador umidade à beira mar. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador umidade à beira mar. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Só não come a língua dessa gente

                                     
                                    

Com o tempo chuvoso, garoa intermitente,  à beira mar, a maresia é uma névoa. Come tudo. Até o vidro das janelas.

Assim esteve, por esses dias, Guarapari/ES. Ficou muito úmida. Água escorria pelas paredes. A fruteira  fracalanza chegou a acumular água. Pior são os aparelhos eletro eletrônicos. É cobrir um e outro com plásticos, superpostos com toalhas velhas para evitar que se percam.Tudo fica melado. É um enxugar paredes, mesas e armários para tentar minimizar os estragos.

Moro há pouco mais de dez anos nessa casa e já troquei três geladeiras, dois fogões. Maresia comendo a lataria, os componentes. Já vou para a terceira televisão. Para não falar das placas de computadores, televisão dos outros moradores da casa, liquidificador. Máquina de lavar tem placa trocada todo ano pois sempre pifa uma delas. É preciso, pois, uma reserva para montar casa constantemente. Os palpiteiros dizem para comprar tudo de aço inoxidável como se fosse só a aparência. Sabe de nada, inocente! Por isso mesmo, passei a comprar o mais simples; estragou, jogo fora. Se eu fosse comprar os caros , abria falência. 

A última geladeira não tem três anos e veja como está, na foto acima. Custei a compreender a vida nesse lugar e sequer sei se vale à pena. Outro dia, ensolarado, com os saguis pulando nas árvores e as inúmeras espécies de pássaros cantando, fez um grupo de turistas comentar que aqui era o paraíso. Pode ser! Mas tem seu preço. Literalmente, no bolso.

Na época do verão, os donos das casas, fechadas no resto do ano, resolvem trocar seus aparelhos e querem jogar na rua. Foi um custo fazer entender a essa burguesia que aqui tem  um órgão da prefeitura  para recolher a tralha carcomida pela maresia. Não pode jogar geladeira, máquina de lavar, fogão estragados na lixeira porque o carro de lixo não leva. Teve uma vizinha, dona de faculdade, que veio pedir satisfações porque alertei sua empregada que jogava colchão, fogão, tralheira. Disse-me,  com  raiva, que eu me preparasse para chamar a prefeitura para pegar os armários de aço que ela iria jogar na rua. 

Falar é fácil, viver é que são elas...