Uma característica intrínseca aos componentes da magistratura nacional é a certeza de fazerem parte do limbo dos intocáveis. A certeza de que merecem pairar acima dos trabalhadores comuns pois o trabalho exercido é mais importante para os céus e terras. Também, devem ser remunerados, no máximo, para exercer a sua função judicante a ponto de não deixarem-se corromper. Quiçá, atrair as melhores cabeças .
Fazer comparação com um professor, um médico, um lixeiro é apodrecer os alicerces da nação. A maioria sequer tem inteligência mas uma memória prodigiosa para guardar leis, teorias jurídicas e meandros que os levem a ganhar cada vez mais.
Eis, portanto, os argumentos usados para ter auxílio moradia, vencimentos muito acima do cidadão que clama por justiça nos corredores dos tribunais. O advogado, ansioso no balcão das secretarias das Varas, pedindo a celeridade que a lei obriga, é um chato que ofende a magistratura.
Um brasileiro que mergulha sessenta metros mar abaixo para fazer parte da extração da riqueza do país nem é reconhecido como profissional, um pedreiro que empilha tijolos ou prega azulejos é gente que merece ficar no fim da fila dos julgamentos. Que esperem.E, calados.
Para esse povo, um médico que salva vidas ou que perde vidas é pequeno demais e, se não está satisfeito, que mude de profissão.
Enquanto isso, o brasileiro tenta viver à sombra de uma camada que não presta contas a nada nem a ninguém e o contempla do alto de seu pedestal.
Salários de professor e juiz deviam ser equiparados. Serve o argumento para trazer as melhores cabeças. Não vale espantar quem não pode viver de migalhas. Salvar vidas ou perder vidas também é ato de julgamento; médico: KLIKA