- Yara. Depois conto a origem do nome |
Tenho dois filhos. Deus ouviu minhas preces e não pari mulheres. Danem-se os chatos, os politicamente corretos mas não quis ter filhas. Não por discriminar mas para não influenciar o meu modo de pensar e ver a vida como mulher. Nunca faltou quem cogitasse as possibilidades da minha sexualidade. Por eu ser independente e não pensar como mulhezinha. Não é mérito meu, ou defeito, mas porque fomos criadas, cinco irmãs, como homens por papai que tinha oito irmãos. Não sabia como seria ser mulher típica porque sua mãe era chamada de Sargento. Vovô era médico e viajava muito para atender os doentes em um tempo em que a viagem era a cavalo e não havia nenhum médico na região. Pariu filhos quase ao chegar na cidade, vindo de outra. A rédea curta gerou homens livres, todos com cursos universitários e profissionais reconhecidos. Nos tempos em que o índice de alfabetizados era trinta por cento. Muito sacrifício, muita luta, muita perda, muita perseverança, vontade firme e disciplina para todos. E, ainda há quem ofenda, chamando de burguês e elitista porque não se mistura a gentalha.
Divaguei mas o que eu queria dizer é que meus filhos não eram chorões. Talvez porque não havia parentada para visitar ou receber e minha casa era somente nós. A alimentação tinha hora certa, era na mamadeira, na quantidade certa, ficavam no berço com brinquedos dependurados ou na rede ou no bebé conforto. Colo, só para arrotar. Tanto meu marido e eu não éramos de Vitória/ES e não havia muita gente ao nosso redor a não ser do trabalho e capixaba não faz e não gosta de receber visitas. No verão, a roupa era uma camisetinha fresca, comprada nas Lojas Americanas, nada de roupas variadas. A fralda era de pano mas havia uma calça plástica que era uma tanga com isolamento da umidade. Talvez fosse mais fresca e confortável do que essas fraldas descartáveis de hoje.
Agora tenho uma neta chorona. Caramba! A mãe deixa Yara comigo toda tardinha, de 6 a 8 e meia da noite e a menina chora quase o tempo todo. Dorme um pouco, não tem gases, nem cólica e nem fome mas chora demais. Pode pegar no colo, embalar, cantar, brincar, levar para tomar uma fresca no quintal, nada resolve. Nos primeiros dias cheguei a entrar em pânico sem saber o que se passava até ir estudando seu comportamento. Eu me lembro do meu primo Guilherme, de parte da mamãe, filho da tia Dirte e Tio Asplênio que chorava horas enquanto brincávamos no quintal, todos crianças correndo e jogando bola. Ele sentava-se na escada que dava para o segundo andar e chorava de ficar com a cara vermelha pois era loiro. Hoje ele é médico, professor da UFMG e, interessante, pediatra.
Procurando sobre o tema na internet, encontrei mães desesperadas com seus filhos chorões. Isso ! Quanto mais vivo mais aprendo.
Vou deixar registrado esse fato porque pretendo deixar ela chorar . Vamos ver no que vai dar. Se quer chorar, que chore.