Eldes com Maurício. |
Ontem à noite levei uma pessoa para embarcar na rodoviária rumo ao trabalho. A moda é construir rodoviárias onde Judas perdeu as botas para beneficiar as empresas de ônibus e retirar o tráfico do meio da cidade. Mas não deram suporte aos que viajam sem quem os leve e precisam ir e vir de ônibus ou taxi.
Tive ímpetos de dar carona para os que esperavam o ônibus, um ou dois e facilitar a vida deles. Era tarde da noite e ninguém merece ficar em pé, esperando condução. Mas contive-me porque lembrei-me do que meu marido disse-me há muito tempo.
Em uma ocasião, em que tive processos em Cachoeiro do Itapemirim, dei carona, em mais de uma vez, para pessoas na estrada; velha, jovem, homens e mulheres, crianças.
Da última vez, peguei quatro crianças, uniformizadas, que esperavam carona, saindo de uma escola rural. Perguntei a elas se os pais ou elas mesmas não tinham medo de um tarado ou sequestrador fazer mal a elas. Ao chegar em casa, comentei com meu marido. Homem de poucas palavras, eu sempre o ouvia por reconhecer sua inteligência superior à minha e ponderação superlativa. Foi o bastante para ele me proibir de dar carona pois se um motorista podia fazer mal a alguém, a recíproca era verdadeira. Além do perigo de haver um desastre e eu responder por uma vida perdida ou indenização certa. E, o carro estava em nome dele o que o envolveria, certamente.
A partir desse dia fico somente na vontade. O mundo anda tão complicado que dar carona, como nos tempos românticos da ingenuidade, ficaram na poeira das ruas e das estradas. Quem paga é quem não tem nada com isso.
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