quinta-feira, 14 de abril de 2011

Amor e revolução

    
A novela do SBT , Amor e Revolução,tem como tema principal os tempos da ditadura militar dos anos sessenta a oitenta.No final dos capítulos,mostra  depoimentos de pessoas que viveram aqueles tempos.Por enquanto,  somente pessoas do lado vencido.

No capítulo de terça-feira apareceu o depoimento de Criméia Almeida. Uma senhora com idade indefinida, cabelos brancos, muito acabada, maltratada pela vida, sem vaidade alguma. Seu depoimento foi uma lamúria de quem jamais superou a tortura. Contou ter sido  mais psicológica do que física.Ela teve seu filho em hospital militar e , parece, remoe aqueles tempos , não os superou. Parece que  enquanto as pessoas que levaram a vida avante mantiveram  suas aparências reais, Criméia feneceu mil vezes.

Pois Criméia foi minha colega de turma nos quatros anos de ginásio no Instituto de Educação de Minas Gerais.


Minha irmã já havia me dito que ela participara de um grupo terrorista e fora presa em São Paulo e eu não podia crer.Como assim? Mais fácil seria eu participar do que ela pois sempre me metia em tudo.Não me lembro dela participativa nas dezenas de atividades daquele tempo.  Não sei como ela foi cooptada para o terrorismo.No entando,parece  que continua encimesmada nela mesma pois está acabadérrima como todas as  pessoas que remoem desgraças e não olham para a frente , vendo a vida como ela é.Com todo respeito... Espero que depois do depoimento, fazendo público seu sofrimento ela consiga olhar para  frente e ser feliz.Pessoas introvertidas  superam com mais dificuldade as trombadas da vida e, interessante, metem-se em violências onde jamais supomos, se meteriam.

9 comentários:

Mere disse...

Também espero que ela, realmente, supere. Falar é uma boa maneira de enfrentar e superar os "traumas".
bjo

Jota Effe Esse disse...

Acho que os traumas não agem da mesma forma em todas as pessoas, talvez penetrem mais nas pessoas introvertidas. Acorda, Criméia, antes que a vida acabe! Imite o sol, que renasce todos os dias! Meu beijo.

edite mendes lima balbo disse...

Há traumas que são difíceis de superar. Não vio depoimento da Criméia, mas q v escreveu fico imaginando o trauma que tudo deve ter causado a ela. Ainda mais sendo pelo q vc disse uma pessoa aparentemente introvertida.

Cadinho RoCo disse...

Gosto da maneira objetiva como apresenta suas publicações, numa demonstração do quanto tem de praticidade em sua maneira de ser e estar no mundo.
Cadinho RoCo

Malena disse...

Eu vi o depoimento e depois de saber que a pessoa foi introvertida eu me pergunto como é que alguém com esse perfil entra numa gelada dessas. Será idealismo? Será que ela não conseguia sentir-se aceita pelo grupo no qual inicialmente estava inserida e por isso resolveu enveredar por outros caminhos? O fato de ter dificuldade de superar antigos traumas deve ser um indicativo de suas dificuldades psíquicas e emocionais. Talvez uma bela terapia seja a solução para minimizar tanto desgosto.

Miguel disse...

Gostaria de ter visto o depoimento dela, mas tuas palavras descreveram perfeitamente as condições dessa mulher. Lamentável, ela e muitos outros que passaram por aquela situação, espero que ela possa renascer. Beijo minha cara, até logo mais.

Maria Inês disse...

Conheço a história da Criméia e de sua irmã Maria Amélia, que foi minha colega no IEMG. Elas são filhas de um funcionário da antiga Rede Mineira de Viação. O pai era lider sindicalista dos ferroviários e introduziu as filhas no submundo da resistênca ao governo militar. Depois de formadas no curso de magistério foram dar aulas na escola da Manesmann, em BH. Ali havia uma agitação entre os metalúrgicos e elas aderiram ao movimento.A M. Amélia casou com um desses metalúrgicos. De lá foram para São Paulo , ficaram na clandestinidade , foram presas e torturadas mesmo...Um horror pelo que a M. Amélia nos contou. O que eu penso desta turma que "virou" revolucionário é que: quem procura acha.. Depois deu no que deu. As duas estão envelhecidas e amargas frente a vida. Continuam fazendo parte de movimentos sociais em S. Paulo. Eram no colégio caladas, alegres e muito inteligentes. M. Amélia escreve livros, faz palestras e outro dia recebeu o título de cidadã honorária de SP.

Blog do Beagle disse...

Nossa, fiquei espantada por saber que jovem quieta e tranquila virou guerrilheira terrorista! Sou muito ingênua, de fato. Bjs. Elza

Maria Eugênia disse...

Isto mesmo Magui. Aliás já havia conversado este assunto, pois vi com minha mãe pela internet o depoimento das duas irmãs, e disse exatamente a mesma coisa.