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- Sempre existe o outro ângulo... |
Pouco a pouco o futebol transformou-se em negócios. Pessoas para quem ganhar dinheiro não tem nicho especial, apoderaram-se do atleta para fazer deles peças de enriquecimento. Captaneados por países onde os times de futebol são empresas e não agremiações como na América Latina. O desempenho do atleta tem vida curta e urge aproveitar o tempo enquanto não sofre uma lesão ou os anos não lhe tirem o fôlego. A maioria, sem outra profissão, precisa abastecer-se por a vida toda.
Olheiros estão por toda parte em busca de jovens com talento e isso não é privilégio do futebol. Atrevo-se a dizer que tal prática foi copiada dos EUA e seus esportes tradicionais. É o mercado que importa e não os objetivos iniciais do esporte. Esporte amador acabou e só serve para os pernas de pau. É olhar de binóculo os tempos em que o jogador Julinho preferiu não jogar na Seleção de 58 porque jogava na Itália e considerou que Seleção deveria ser com jogadores que jogavam no Brasil. Era a época romântica, parecendo ridícula aos olhos de jogador moderno e individualista, autêntico representante como o de Cristiano Ronaldo. Outros, resgatados de tribos, exigem receber antecipadamente para jogar em suas Seleções pois sequer confiam em seus empresários.
No Brasil, em priscas eras, quando os primeiros ares do negócio farto soprava lá fora, alguns atletas fingiram contusões para não jogar pois não lhes pagaram quantia exigida. Embora grandes jogadores, são apenas mencionados como tal pois, naquele tempo quanto mais sacudiam a bandeira brasileira mais eles exigiam quantias, impossíveis de serem pagas no Brasil. Não houve outro jeito e, canhestramente, o futebol no Brasil foi aderindo à realidade. Hoje, compram tudo, até nacionalidades dos saídos da miséria que se julgam alçados ao céu.
No entanto, se analisarmos bem, no preço final pode estar embutida a derrota humilhante. Na competição onde quem tem dinheiro demais acaba esquecendo-se que a arrogância de riquinho pode fazer tropeçar nos próprios pés, os novos ares do lado de cá podem mostrar que o novo mundo não é tão fácil como as ofensas soem fazer parecer.
Boa viagem de retorno às seleções da Espanha e Inglaterra, eliminadas nos primeiros jogos. Vão contar seus dinheiros pagos a executivos de colarinho branco.