Não posso e nem quero ficar de fora dos protestos contra a Greve dos Magistrados Federais. Um fato histórico que soa como um tiro na toga da magistratura e enxovalha a honra de toda a classe.
A greve convocada por uma entidade de classe e que mais parece sindicato com ares de facção com toda a irresponsabilidade possível de sua liderança.
Uma greve para fazer pressão em outros magistrados, os ministros do Supremo Tribunal Federal, e que estão para decidir sobre o fim do Auxílio Moradia incorporado aos vencimentos.
O Auxílio Moradia é importante para o juiz removido de uma comarca para outra e precisa pagar aluguel de casa ou hotel. Mas, inserido na sociedade, não pode receber por o que não existe. Tem sua casa, sua propriedade e não precisa de quantia para compensar perda no salário.
Então aparece o pronunciamento de juízes, que se dão de baluarte contra a corrupção, mandam prender e acontecer, justificando o aditivo como recompensa por falta de ajuste salarial.
Peraí, recompensa não é unzinho por fora? Não é um agradinho para deixar o funcionário público mais contente? Não é o troco da cerveja?
Pior ainda, da quantia, acoplada a outras tantas, não incide desconto a título de recolhimento do Imposto de Renda.
O magistrado recebe R4.500,00 mensais, R 54.000,00 por ano e não desconta Imposto de Renda?
A quantia, por si só, ultrapassa e muito o teto para ser declarante e pagar a parcela de lei.
E, sabemos que existem casais de magistrados, onde ambos recebem o Auxílio Moradia, morando na mesma casa, propriedade deles e há dezenas de anos. É asqueroso... E aqueles que confessaram publicamente, serem proprietários de vários imóveis? Na maior desfaçatez!
A importância que essa gente se dá na sociedade é retrato de parâmetros elitistas que menospreza o trabalho dos outros como se todos não fossem importantes para a construção da humanidade e da sociedade.
O argumento para pagar essa gente com altos salários é, fundamentalmente, para não caírem nas garras da corrupção. Ganhando bem não serão seduzidos pelos percentuais propostos pelas partes ou quantias por fora.
Mas, perderam-se no mérito da causa e passaram a sentir que os altos ganhos são pagos pelo saber, pela execução da profissão. Não é. Há de ser resgatado o fio da meada.
O funcionário público recebe por seu trabalho quantia conhecida ao fazer concurso. Não pode reclamar pelos ganhos, exatamente como qualquer um profissional. A frase,
Se não está satisfeito pede pra sair e arruma outra coisa para fazer, é absolutamente pertinente.
Nos últimos tempos, essa classe que se dá de deus, teve a aprovação da sociedade quando esta saiu às ruas como apoio pelo fim da corrupção e as ações dos juízes envolvidos. A esperança nasceu da certeza que magistrados honrados agiam com clareza ante os crimes e criminosos poderosos da nação. Mas essa atitude, inclusive com o apoio de Marcelo Bretas e Sergio Moro, foi um tiro nas esperanças.
Protesto!
PROTESTO com todas as letras.
Ainda mais porque eles mesmos sabem que pressão a juiz pode ser considerado crime se feito por um advogado ou parte. Por isso mesmo existe uma barreira quase intransponível nos gabinetes dos tribunais federais. A arrogância é tão grande que alguns fazem audiência de toga ...
Deixa pra lá... Nada que vem dessa gente me espanta. Nem mesmo o tiro que eles mesmos deram e contra a sua própria honra.