James Dean / Homenagem a minha irmã Maria Inês. |
No mundo virtual das chamadas Redes Sociais tem como predominante a geração de gente mais jovem. E, uma das características da juventude é o viver a esmo porque desconhece a vida e seus perigos. Quem sobrevive , envelhece, conhece a solidão das decisões e o sentimento da responsabilidade que , na maioria das vezes, sequer é verdadeira.
Na minha casa tinha uma foto do meu avô quando jovem, entre os familiares e agregados. Devia ter cinquenta pessoas. Não sei com quem ficou porque em toda família tem aquele que se apodera das coisas sem pedir licença ou respeitar as preferências. Essa foto era daquelas que tiravam antigamente, em dia de solenidade e com todos enfatiotados para a posterioridade. Nada a ver com as de hoje, clicadas e apagadas, esquecidas no virtual sem jamais tornarem-se coisas concretas.
Coisas que ficam eternamente no nosso cérebro são os ecos de pequenos nadas, com aparência de insignificantes. Essa foto a que me refiro, em preto e branco, como se fosse um quadro, eu a vi quando meu avô paterno Dr.Vicente Soares já idoso, era o único sobrevivente. E, ele já tinha mais de setenta anos, talvez oitenta, quem sabe noventa pois viveu cento e seis anos. Daquela multidão, entre crianças e idosos, ele jovem adulto, todos haviam morrido.
Então, com o ocaso da minha vida, vou seguindo as mortes de um e de outro, pessoas que jamais pensava iriam primeiro do que eu. Mortes chegadas no repente, sem avisar, sem contagem regressiva. E, a morte que não tinha nenhum significado quando eu era menina, passa a ser uma visão, concretizando-se pouco a pouco, dez, nove, oito...
Não me atrevo a dizer o que, crianças, cantávamos ao saber da morte de alguém:
- Antes ele do que eu...